INSTRUMENTOS MUSICAIS MELÓDICOS
ORQUESTRA TRADICIONAL ÁRABE (takht)
Os instrumentos melódicos são divididos em duas famílias:
? sahb (puxado ou esticado – “som contínuo”): flauta (nay) e violino
? naqr (dedilhado ou martelado): alaúde (oud) e qanun
As famílias são empregadas de forma complementar para criar um som mais rico e complexo.
FAMÍLIA NAQR (instrumentos dedilhados ou martelados)
• OUD (alaúde)
· nome: fina camada de madeira
· timbre quente, profundo e suave. Baixa tessitura (3 oitavas)
· pescoço curto: adequado para executar maqamat e ornamentos
· 5 cordas duplas em uníssono + 1 corda de base, dedilhadas com palheta (risha)
· séc. VIII: desenvolvido com 4 cordas
· séc. XV: Ziriab acrescentou a quinta corda
•BUZUK
· nome: do turco “bashi-buzuq” – “cabeça queimada ou arrancada”
· parentesco com a saz turca
· pescoço longo, cordas metálicas: ressonância considerada lírica
· não é original da orquestra árabe: popularizado pelos Rahbani, família libanesa de músicos (ver capítulo 3)
· originalmente para solo
· com trastes: difícil execução das maqamat
· encontrado no folclore da Síria, Líbano, Palestina e Jordânia
· hoje: violão, guitarra
• QANUN
· nome: regra, lei
· origem: harpa egípcia (alguns atribuem a Al Farabi)
· determina a afinação dos outros instrumentos e cantores
· apoio nos joelhos ou em mesa baixa
· forma de trapézio, 72 cordas (24 cordas triplas em uníssono), tocadas com os dedos ou palhetas colocadas nos indicadores
· execução dos modos: manipulação de chaves móveis
· lado direito: pele de peixe cobrindo a caixa de som (amplificação natural)
· alcança mais de 3 oitavas, mas só toca 8 notas por oitava
· hoje: acordeon e piano
FAMÍLIA SAHB (instrumentos puxados e esticados – contínuos)
• NAY
· nome: termo persa para cana, da qual é feito com 9 partes iguais
· tamanhos diferentes, depende da altura e escala
· tocado com as pontas dos dedos em 6 furos na frente e um atrás: microtons produzidos controlando-se a abertura, a inclinação dos dedos ou ambos
· mudanças de oitavas produzidas por maior ou menor intensidade ao tocar
· apreciado por seu timbre poético e possibilidades sonoras
· difícil execução, considerada um tipo de meditação
• MIJWIZ
· nome: “duplo” em árabe
· flauta dupla: partes unidas são tocadas juntas, em uníssono
· 5 ou 6 furos, com apenas uma oitava cada uma “piteira” de madeira que vibra
· execução: bocal inteiro dentro da boca
· tocada de forma contínua: técnica da “respiração circular”
· produz efeitos mágicos nos ouvintes
· acompanha a dabke em casamentos e outras festas
· popular na Síria, Líbano e Palestina
• ZURNA ou MIZMAR
· origem: Armênia
· som muito alto, usado em áreas externas
· tamanho diferente para cada tonalidade
· mudança de tonalidade pela embocadura
· diversas situações do cotidiano: trabalho, festas, rituais, jogos populares
· raramente utilizada em orquestras
· acompanhada por outra zurna que sustenta a tonalidade e por algum instrumento de percussão
· hoje: sax, clarinete, trompete, trombone (para jazz)
• VIOLINO
· parente do violino europeu
· não possui trastes, podendo produzir os sons das maqamat
· estilo de execução ornamentado
· som nasal e penetrante, reminiscência da rebab
• REBAB
· corpo de madeira, recoberto de pele do intestino ou bexiga de búfalo
· cordas de cobre dupla, contornando um botão
· execução: palma da mão virada para cima segura o arco; cordas pressionadas por 3 ou 4 dedos da outra mão
· som muito alto, próprio para locais abertos
· acompanha atividades como festas e outros rituais
· hoje: violoncelo, baixo, viola (produzem quartos de tom)
INSTRUMENTOS MUSICAIS RÍTMICOS
• DERBAK
· material: argila queimada com pele de peixe e cabra (não resiste à umidade)
· material moderno: alumínio com nylon (tem vantagens e desvantagens)
· tocado com as duas mãos; produz grande variedade de sons
· DUM: grave com vibração / SAC: grave seco / TAC: agudo, feitos com a mão direita
· mão esquerda faz também o TAC além de dedilhar a borda para fazer ornamentos.
• DOHOLA
· semelhante ao derbak, com um bocal maior
· sonoridade mais grave
· não existe um tamanho padrão
· usado na percussão como base
· uso de material tradicional dá melhor resposta (raridade até nos países árabes)
• TABAL
· semelhança com a zabumba nordestina
· uso frequente em festivais, acompanhando o ritmo saaid e a dabke
· muito tocado nas aldeias em dias de festa
• RAQ ou DAFF
· pandeiro feito com aro em madeira e revestido com pele de peixe ou carneiro
· 5 címbalos duplos produzem muita sonoridade
· tocado de 3 formas: usando todos os címbalos, parte deles ou apenas a membrana
· muito utilizado em orquestras clássicas (até o séc. XX era o único instrumento de
percussão)
· exige virtuosismo e sutileza
• BENDIR OU TAR (daff no Egito)
· corpo em madeira e tampo em pele de cabrito, com furo para colocar o polegar esquerdo
· várias dimensões, sonoridade do grave ao agudo
· tocado com a mão direita
· usado pelos beduínos para o acompanhamento das canções
· usado em músicas religiosas e procissões de casamento
· menor número de variações que o raq
• MAZHAR
· pandeiro largo, podendo ou não possuir címbalos
· bocal tem o dobro do diâmetro do daff
· sonoridade grave
· base da percussão
• SNUJ (saggat no Egito)
·címbalos metálicos presos ao polegar e dedo médio
·vários tamanhos que produzem sonoridades mais graves ou agudas