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‘Não podemos ficar impassíveis’: Entrevista com uma apoiadora da BibliASPA

    Por Gabriela Terenzi

    Leila Kuczyunski Youssef, ou dona Leila, a dona do restaurante Arábia, conheceu o trabalho da BibliASPA e viu ali uma oportunidade. Empregadora de imigrantes haitianos, ela se interessou pelo trabalho da instituição e, desde então, dá a sua contribuição para apoiar o curso de português para refugiados da BibliASPA. Na entrevista abaixo, ela conta um pouco sobre essa história e fala da importância de dedicar algum tempo à causa dos refugiados: “O sofrimento do outro não se refere só ao outro. Somos todos interligados”.

    A empresária Leila Kuczyunski Youssef
    A empresária Leila Kuczyunski Youssef (Foto: Acervo BibliASPA/ Salim Mhanna)

    Como a sra. conheceu a BibliASPA?
    Leila: Eu já conhecia o Paulo Farah, que é professor da USP e idealizador da BibliASPA. Em um evento do qual participo, o Paulo falou sobre a cultura árabe e do trabalho que desenvolve com refugiados. Nessa época, tinha contratado imigrantes haitianos. Sempre, claro, com a situação regularizada. Por causa disso, fizemos uma visita até a BibliASPA, que foi muito interessante. O trabalho cultural que existe ali… Eu vi que eles dão uma contribuição importante e que precisam de ajuda.

    Leila visita a BibliASPA, na companhia do prof. Paulo Farah
    Leila visita a BibliASPA, na companhia do prof. Paulo Farah (Foto: Acervo BibliASPA/Salim Mhanna)

    Como você contribui com a instituição?
    A gente tem produtos que são vendidos para supermercados. Às vezes, um pequeno defeito, uma esfiha com uma pontinha quebrada, por exemplo, não podemos mandar para comercialização, mas estão perfeitas para consumo. A gente separa isso e eu tenho destinado para a BibliASPA, para o curso de português para refugiados. Os doces também, as aparas, eu junto e mando duas vezes por semana, Para adoçar um pouco a boca do pessoal.

    Por que a causa dos refugiados é importante para você?
    Como ser humano, vendo o tanto que esse povo é sofrido… As tragédias que estão acontecendo, como aquela foto de um menino morrendo na praia no jornal [a imagem do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos, que foi encontrado morto em uma praia na Turquia no último dia 2].

    A primeira coisa é esse sentimento que nos irmana a todos: o sofrimento do outro não se refere só ao outro. Somos todos interligados. O que acontece com uma pessoa, acontece com outra, eu espero! Se estivermos desunidos nesse nivel, não sei o que pode acontecer.

    Eu faço o que está ao meu alcance, seja dedicar um pouco do meu tempo ou dividir o que eu tenho. Não é possível ficar impassível. O mundo assistir a toda essa tragédia e fechar os olhos, pensando “ah, isso tá longe”, não é possível.


    Também quer ajudar? A BibliASPA realiza no dia 26/9 o seu I Bazar Colaborativo, para arrecadar recursos que vão custear o transporte de alunos do curso de português para refugiados.

    Doe utensílios domésticos, roupas, bijuterias e outros produtos que possam ser comercializados na ocasião (veja nossos contatos abaixo).

    E participe com a gente desse dia com diversas atividades culturais relacionadas a várias nacionalidades, incluindo uma palestra sobre a destruição dos templos de Palmyra, na Síria, noticiada em agosto.

    BibliASPA – Rua Baronesa de Itu, 639 – Sta Cecília, SP
    (11) 99609 3188 – bibliaspa@gmail.com

    Ajude a BibliASPA

    A BibliASPA recebe cerca de 300 refugiados por semana, de mais de 40 nacionalidades, e lhes oferece gratuitamente cursos, alimentação, transporte, traduções, apoio assistencial, jurídico e psicológico.